terça-feira, 30 de setembro de 2014

Resenha: O Massacre de Cantagalo, Iris Lopes

O livro de não ficção, pouco conhecido, relata em uma visão completa os acontecimentos que chocaram o Brasil e outros países numa pacata cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro.

Iris Lopes, no papel de jornalista, enviada pelo seu jornal até a cidade para escrever sobre o desaparecimento de Juninho, uma criança de dois anos, que após um passeio com a família na fazenda de Moacir Valente, sumiu de vista misteriosamente.

Iris não pode imaginar o que isso acarretaria.

Em 1979, a família de Juninho foi convidada a participar de um piquenique na fazenda Bom Vale, um bom grupo foi reunido nesse passeio fora do comum já que o proprietário do lugar não gostava de visitas.

Aos domingos, Moacir não ficava na fazenda, portanto era uma boa oportunidade de conhecer o lugar. A mãe de Juninho resolveu banhá-lo perto da casa de uma das tias. Ao entardecer resolveu buscar as roupas dele dentro da casa, quando saiu após uns dois minutos não viu sinal do garoto. Olhou em volta para ver se ele tinha saído andando, porém sabia que não poderia ter ido muito longe. Com apenas dois anos e uma perna atrofiada (No livro diz isso, mas segundo a família essa informação é falsa). Com o passar do tempo nessa busca, ela foi ficando mais preocupada e alertou as outras pessoas. O grupo se reuniu na procura do menino. As buscas foram incessantes e até a polícia foi acionada.

As suspeitas de desaparecimento começaram a ganhar várias versões. Na fazenda haviam muitos indícios de rituais de magia negra, sacrifícios de animais, despachos e coisas do gênero e isso preocupou os familiares e amigos de Juninho. As buscas continuaram até que encontrou-se o corpo do menino em um local já muitas vezes examinado.

Moacir e Fiote (um empregado da fazenda, incriminado por Valdir, um outro funcionário) foram indiciados. Quando estavam na delegacia de Cantagalo, a população se reuniu de forma suspeita. Um caminhão com pedras estava estacionado estrategicamente no local. E a confusão começou.

A delegacia foi apedrejada e a população estava em um incessante clamor de justiça. Justiça com as próprias mãos. Carros foram incendiados e a coisa saiu de controle. Fiote foi retirado da delegacia pela população, foi espancado e subjugado enquanto declarava ser inocente. Até o ponto de tamanha crueldade em que foi jogado em um dos carros em chamas. A confusão continuou até que Moacir teve o mesmo destino.

O retrato fiel da crueldade nos deixa perplexos quanto a terrível natureza humana. As cenas de horror, sendo comemoradas pelos participantes do movimento, foram um retrocesso da civilidade. É realmente muito chocante. A vida de uma criança tirada por puros interesses econômicos em um ritual de sacrifício, faz com que vejamos o quanto a irracionalidade das pessoas as torna cruéis e inescrupulosas.


O livro conta com várias imagens do ocorrido entre outras situações
Viaturas queimadas

Merece cinco canecas.

30 comentários:

  1. Nossa! Não sabia da existência desse livro. Meus avós, minha tia e meu pai moravam em Cantagalo na época, sabia sobre o fato, mas não sabia do livro.
    Quanto a crueldade da população, não interpreto da mesma forma, mas tudo bem.
    Que a força esteja contigo!

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    1. Foi um fato realmente triste, a autora no papel de jornalista retrata os acontecimentos de uma forma imparcial e detalhada. Eu fiquei muito chocada com a história, principalmente por causa do Juninho, uma criança inocente, que teve a vida retirada de uma forma tão cruel e irracional. A população devido a isso reagiu de tal forma, como é descrito, mas teve uma parte realmente assustadora na história. Recomendo que leia o livro.

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  2. Crueldade da população? Nada disso, a crueldade que houve foi o sequestro e assassinato de uma criança indefesa e inocente. Para mim, pouco importa o sofrimento, muito merecido, dos que foram mortos pelo linchamento. Não defendo que se faça justiça com as próprias mãos, porém, o que está feito, está feito. É nisso que dá a impunidade.

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    1. Aloisio, entendo o seu ponto de vista. Realmente, o que foi feito com o Juninho é de extremo horror. Mas, se você ler o livro vai entender porque citei a crueldade. Todos os fatores apontavam que Fiote era inocente, e quem contribuiu com os atos de Moacir foi Valdir, que incriminou o Fiote. Eu concordo com o fato de que se eles não fizessem nada, Moacir ia acabar se safando já que tinha contatos, porém eu destaco o que a jornalista viu. E ela viu duas pessoas serem espancadas e jogadas para morrerem queimadas e isso não é uma cena boa. Uma outra coisa que queria destacar foi a união da população, isso mostrou que todos se sensibilizaram com o acontecimento.

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  4. SE FOSSE ESPERAR JUSTIÇA DA JUSTIÇA DA ÉPOCA TODOS SERIAM SOLTOS E IRIAM A CONTINUAR MATANDO NOSSAS CRIANÇAS, POIS NA ÉPOCA ASSIM COMO HOJE QUEM TEM POSSES NÃO É PUNIDO. FOI FEITO O QUE DEVERIA SER FEITO.

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    1. Marcos, respeito totalmente o seu ponto de vista. Com certeza, Moacir como foi citado no livro era um homem com contatos e, possivelmente, sairia impune. No entanto, não posso dizer que sou a favor de justiça com as próprias mãos. De qualquer forma, meu objetivo não é julgar o acontecimento ou os fatos, muito menos dizer se as pessoas deveriam ter feito o que fizeram ou não. A minha análise é quanto ao livro e a capacidade da autora de passar para o papel aquilo que ela observou.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Morávamos em Cantagalo na época. Estava com 8 anos e tinha mais 4 irmãos e por dias, nossa mãe não nos deixou ir a escola por medo de que fossemos vítimas do tal sequestrador, pois o comentário era de que várias crianças menores de 7 anos tinham desaparecido misteriosamente nas redondezas(nada confirmado).
    Após o linchamento podemos voltar as aulas.
    Triste fim dos criminosos e mais doloroso ainda foi o ocorrido com o menino Juninho. Que Deus conforte a família!

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  7. Boa Noite, alguem sabe dizer se os acusados Valdi Souza Lima sua tia Maria da Conçeição Pereira Pontes e O Pai de Santo Ajuricaba Souza Coutinho se foram condenados? e quanto tempo pegaram cada um ? desde jà muito Obrigado !

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  8. isso foi a maior tristeza eu ajudei a procura esta criança trabalhava perto

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  9. eu esta la em cantagalo quando tudo começou,estava indo visitar minha irmam marli bard

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  10. Há uma vertente que isso foi uma armação para com o acusado, pois a sua fazenda era rica em uns dos elementos para composição do cimento e as cimenteiras ou uma cimenteira foi a responsável pela história macabra e futuramente comprar as terras, onde onde proprietário Moacir Valente não queria vender! Os fatos da época foram estranhos e eu era criança quando fui ver esta fazenda depois ocorrido e sempre duvidei da história, até um dia um político famoso que não vem o caso, me contou esta outra versão!

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    1. Eu tambem tenho duvidas da culpa do fazendeiro pelo sim pelo não comprárão metade das terras da fazenda e construiram uma fabrica de cimento

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  11. Presenciei a delegacia destruída e as viaturas queimadas com os restos mortais dos satanistas em cima. Na epoca, foi veiculado pelos jornais que a intenção de Moacir era que uma fábrica comprasse as suas terras por ser rica em calcario, daí o ritual satanico oferecendo a criança para alcançar o seu objetivo. Conta-se que a criança foi escondida em um paiol por uma semana quando então, a polícia se retirou do local e o ritual foi realizado debaixo de uma árvore frondosa em que todos os participantes bebiam do sangue da criança degolada. Conta-se também, que os seus restos mortais foram encontrados alguns dias depois, dentro de uma carcaça de bezerro morto. Diante de uma barbárie dessas, a revolta foi geral pela grande indignação popular, a cidade foi fechada por caminhoneiros amigos do pai do Juninho e o próprio Moacir se apresentou a delegacia com muito dinheiro para tentar a sua liberdade porém, o povo ignorou tudo isso e o quebra-quebra começou. Leonardo Santos (morador da cidade à época do ocorrido).

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    1. A criança não foi achada muito dias depois e nem dentro de carcaça. Ela foi achada no final do mesmo dia debaixo de uma árvore. Largue mão de fantasia, deixe de viadagem, fofoqueiro!

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    2. Eu trabalhava em Cantagalo na época e essa é realmente a versão da época. A arvore ficava junto a uma estrada de terra que dava acesso à fabrica de cimento.

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  12. queria saber como faço para conseguir o livro?

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  13. Sou de lá, na época com 3 anos de idade,matava em uma fazenda.sempre achei que era uma historia6de terror que os adultos contavam. Se alguém souber onde vende esse livro, agradeço se me avisarem.

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  14. Iris Lopes, minha amiga. Prima de Geraldo Lopes, meu amigo. Grandes jornalistas de uma época difícil de exercer a profissão com liberdade e meios de comunicação. Mesmo assim, ambos se destacaram no desempenho da reportagem policial. Dá saudade.
    Jorge Béja
    Advogado no Rio de Janeiro

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  15. Iris Lopes, minha amiga. Prima de Geraldo Lopes, meu amigo. Grandes jornalistas de uma época difícil de exercer a profissão com liberdade e meios de comunicação. Mesmo assim, ambos se destacaram no desempenho da reportagem policial. Dá saudade.
    Jorge Béja
    Advogado no Rio de Janeiro

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  16. Eu silvinho ribeiro estava la ate ajudei procura o garoto achamo o garoto todo deformado e orubuns rodeando por sina da vitima fua ate a cidade de cantagalo ve tudo ate quando queimor o fazendeiro Moacir valente

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  17. Eu morava lá, e trabalhava na Votoran,existe muita coisa que não veio a tona até hoje, ex: por que, enquanto a população estava inflamada em frente a DP uma turma seleta foi escondido para a fazenda? ,diziam na época que o Moacir era agiota ,e daí. o que tem por trás,disso tudo?

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  18. Onde encontro a edição virtual do livro?

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